"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

"Você está em algum lugar entre o silêncio e eu..."
escolha seu lugar.
Xica Lima
Teu gosto é de mel e saliva
Carrega nas mãos a suavidade das plumas e a força da espada
Teu cheiro é de mato
A floresta onde me embrenhei pra te roubar perfumes...
As palavras, cânticos...
Pés apressados em viver tudo absolutamente

Dentro, um menino pede colo;
Fora, esses óculos... Um intelectual velho me da aulas...
Teu abraço agasalho.
Cigarros que não dá tempo.
Um quase-amor...

Você está em algum lugar entre o silêncio e eu.

Se espalha.
De repente é tudo seu.

Eu gosto do gosto que encontro quando te procuro.
Gosto que você fique, e que vá embora de vez em quando.
Gosto de te sentir, e da saudade que me dá não te ver...
Gosto que me queira e me diga amores
Depois um silêncio, e algo interrompendo o tempo.

Sim querido.
Nós paramos o relógio.

Xica Lima
30/12/07

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Eu quero teu silencio
Amarrado aos meus curtos cabelos
Quero tua negra mão no contraste azulado da manhã
Deitar em meu colo nu

Quero o riso alvo dos teus lábios de amêndoa e sal
Minha boca beijar

Sempre...
Eu te quero
Eu te amo...

Xica Lima
21/12/07

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um dia vou acordar num mundo novo
O silencio povoará de nuvens meu coração sempre acelerado
E minha bandeira de maracatu sorrirá ao meu lado
Quedada junto com meu corpo velho

Neste dia o amor não corroerá minhas entranhas
Nem me fará chorar nunca mais

Neste dia o perfume das flores vai percorrer o mundo
E eu serei apenas meu espírito
De guerra e luz...

Um dia...

Xica Lima
17/12/2007
Dos vestidos rotos
Dos pés descalços
E um tiro de espingarda corta o ar
De novo lá vem Maria
A Bonita
Toda arrastando seus cangaceiros
Lampião


Pela ladeira
Desce Maria
Com laço de fita
Ficar mais bonita
Lá vem de chinela
E saia rodada
Lá vem com sorriso
E doce cocada
Pela ladeira
Cantando seu canto
Dançando... quebrando...

Toda faceira
Pela ladeira
Maria Bonita
Maria querida
Maria
Maria


Xica Lima
12/12/2007

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Eu quero as coisas que eu posso e as que eu não posso também
Quero fazer tremer o mundo com meus passos sempre largos
Eu quero ferver no inverno
E no verão arder em plena Avenida Paulista
Eu quero ser doida
Loura
Negra
Parda
Menino e menina
Quero ser de lua e de sol
Eu quero gritar
E silenciar no seu ouvido
Eu quero ficar nua
Eu quero andar descalça
Eu quero rezar e quero pecar
Eu quero muito tudo
E eu quero que seja bom
Até que o dia escureça nos meus olhos
E eu só leve comigo a suave lembrança do ser amado
Eu quero é festa!
Ser feliz com tudo que eu tenho...ahahahah e o que eu tenho???
Uma cicatriz de cesárea
Ralos cabelos
Meus ais
Minhas pequenas felicidades, grandes sempre...
Eu quero vermelho, rosa, e branco
Eu quero boa cama
Bom sexo
Bom amor

Xica lima

09/11/2007



A Cinderela perdeu mais que o sapato
Príncipe em cavalo branco?
O príncipe era o cavalo... branco, preto, amarelo...
Historia da carrocinha
De como carregar tanto em tão pequenos ombros
E ficar feliz com um único beijo que salva a vida da coitada...

Graças a Deus a Cinderela quebrou uns pratos e jogou fora a porra do sapato de cristal,
Cortou o cabelo com maquina zero
E de chinela foi pra rua dançar maracatu
A cinderela chutou o pau da barraca
Chupou mangas e não engole mais sapo de senhor príncipe-cavalo nenhum...rs

A cinderela perdeu mais que o sapato
Mas quem é que quer um sapato?
Perdeu um pouco da dignidade quando aceitou ser feliz para sempre
(como se isso fosse realmente necessário)... ai largou tudo...
E ganhou o prazer de deitar-se na grama com os ratos, os gatos...

A cinderela é a menina mais estranha que eu li
E inventaram mentirinhas saudáveis pras outras meninas vestirem-se de rosa...ahahahahahahahahahahahahahahhahahahah

Rosa é cor linda... doce... suave...
Mas a cinderela foi ao baile de transparências
Desejou todos do baile
Comeu o sogro
E a sogra
E o príncipe... coitado... deixou falando e fugiu com a abóbora
Porque estava numa larica doida... rsr
Cinderela em tempos de Xica...
Coisa mais linda...

Xica Lima
26/11/2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007


Eu sei que não sei
Serei sempre senão
Sereia, serena
Sua sina
Seu suave sim
Sua simples seara
Sua sonora sonata
Seu soneto
Eu sei...
Serei sempre
Sua...

Xica Lima

07/11/2007

sábado, 10 de novembro de 2007

Eu perdi a memória do meu tempo em papéis queimados
Esqueci de apagar as velas
Não desatei os nós dos cadarços dos meus rotos sapatos
Eu esqueci de ser nova
Esqueci de ser velha

Bebi o esquecimento do amor em grandes goles

Eu esqueci de vomitar
E ficou esse enjôo da noite que esqueci de dormir...
Eu perdi a memória de ser triste
Não sei sequer ser feliz
Esqueci como é.

Esqueci o despertador desligado
E acordei tão tarde...

Eu esqueci de me alimentar
Não comi, não bebi
Esqueci que precisava de algo...

Eu estou louca
De esquecimento sigo no vazio do mundo
Esquecida de ser...

Minhas lágrimas de dor e sangue eu esqueci de enxugar
E as marcas profundas da inércia humana eu esqueci de apagar

Deixa pra lá...

Eu não sei por que vim
Nem porque amei e sofri

Eu simplesmente esqueci...

Perdi a memória do meu tempo

E a noite segue,
esquecida de me fazer dormir
Outra vez...

Xica Lima
10/11/2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2007



Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de
Zumbi dos Palmares, em 1695. Apesar das várias dúvidas levantadas quanto ao caráter de Zumbi nos últimos anos (comprovou-se, por exemplo, que ele mantinha escravos particulares) o Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1534).Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc.
O dia é celebrado desde a década de
1970, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos; até então, o movimento negro precisava se contentar com o dia 13 de Maio, Abolição da Escravatura – comemoração que tem sido rejeitada por enfatizar muitas vezes a "generosidade" da princesa Isabel, ou seja, ser uma celebração da atitude de uma branca.
A semana dentro da qual está o dia 20 de novembro também recebe o nome de Semana da Consciência Negra.
Dados estatísticos
Segundo o
IBGE, no Brasil os negros são correspondentes a menos de 10% da população. Os chamados "pardos", no entanto, que são mestiços de negros com europeus ou índios, chegam a um número próximo da metade da população.
Entre a população negra jovem (especificamente no segmento de 15 a 17 anos), 36,3% cursaram ou cursam o ensino médio; entre os brancos, a parcela é de 60%. Entre aqueles que têm até 24 anos, 57,2% dos brancos haviam atingido o ensino superior, contra apenas 18,4% dos negros.
O rendimento médio da população branca no Brasil é de R$ 812,00; já a dos negros é de R$ 409,00. Entre a parcela de 1% dos mais ricos do país, 86% são brancos.




Zumbi
(
Alagoas, 165520 de novembro de 1695)
foi o último dos líderes do
Quilombo dos Palmares.
A palavra Zumbi, ou Zambi, vem do africano
quimbundo "nzumbi", e significa, grosso modo, "duende".
Histórico
O
quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu livre em Palmares, Pernambuco, no ano de
1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado "Francisco", Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar das tentativas de torná-lo "civilizado", Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de
1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita. Mas Zumbi olhava os portugueses com desconfiança. Ele se recusou a aceitar a liberdade para as pessoas do quilombo enquanto outros negros eram escravizados. Ele rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi torna-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o
bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares, Macaco, foi destruída e Zumbi ferido.
Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares. Zumbi é surpreendido pelo cap.
Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada, com o pênis dentro da boca ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Em
14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei:
"Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."
Zumbi é hoje, para a população brasileira, um símbolo de resistência. Em
1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra.
É também um dos nomes mais importantes da
Capoeira.
Cronologia
Mais ou menos em
1600: negros fugidos do trabalho escravo nos engenhos de açúcar, onde hoje são os estados de Pernambuco e Alagoas no Brasil, fundam na serra da Barriga o Quilombo dos Palmares. Os quilombos, eram povoados de resistência, seguiam os moldes organizacionais da república e recebiam escravos fugidos da opressão e tirania. Para muitos era a terra prometida, um lugar para fugir da escravidão. A população de Palmares em pouco tempo já contava com mais de 3 mil habitantes. As principais funções dos quilombos eram a subsistência e a proteção dos seus habitantes, e eram constantemente atacados por exércitos e milícias.
1630: Começam as
invasões holandesas no nordeste brasileiro. O que desorganiza a produção açucareira e facilita as fugas dos escravos. Em 1644, houve uma grande tentativa holandesa de aniquilar com o quilombo de Palmares, que como nas investidas portuguesas anteriores, foi repelida pelas defesas dos quilombolas.
1654: Os portugueses expulsam os holandeses do nordeste brasileiro.
1655: Nasce Zumbi, num dos
mocambos de Palmares, neto da princesa Aqualtune.
Por volta de 1662 (Data não confirmada): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados portugueses e levado a
Porto Calvo, onde é "dado" ao padre jesuíta António Melo, este o batizou com o nome de Francisco, passou a ajudar nas missas e estudar português e latim.
1670: Zumbi aos quinze anos de idade foge e regressa a Palmares, neste mesmo ano de 1670,
Ganga Zumba, filho da Princesa Aqualtune, tio de Zumbi, assume a chefia do quilombo, então com mais de trinta mil habitantes.
1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. Neste ano, a tropa portuguesa comandada pelo Sargento-mor Manuel Lopes, depois de uma batalha sangrenta, ocupa um mocambo com mais de mil choupanas. Depois de uma retirada de cinco meses, os negros contra-atacam, entre eles Zumbi com apenas vinte anos de idade, e após um combate feroz, Manuel Lopes é obrigado a se retirar para Recife. Palmares se estendia então da margem esquerda do são Francisco até o Cabo de Santo Agostinho e tinha mais de duzentos quilômetros de extensão, era uma república com uma rede de onze mocambos, que se assemelhavam as cidades muradas medievais da europa, mas no lugar das pedras haviam paliçadas de madeira. O principal mocambo, o que foi fundado pelo primeiro grupo de escravos foragidos, ficava na Serra da Barriga e levava o nome de
Cerca do Macaco. Duas ruas espaçosas com umas 1500 choupanas e uns oito mil habitantes. Amaro, outro mocambo, tem 5 mil. E há outros, como Sucupira, Tabocas, Zumbi, Osenga, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche.
1678: A Pedro de Almeida, governador da
capitania de Pernambuco, mais interessava a submissão do que a destruição de Palmares, após inúmeros ataques com a destruição e incêndios de mocambos, eles eram reconstruídos, e passou a ser economicamente desinteressante, os habitantes dos mocambos faziam esteiras, vassouras, chapéus, cestos e leques com a palha das palmeiras. E extraiam óleo da noz de palma, as vestimentas eram feitas das cascas de algumas árvores, produziam manteiga de coco, plantavam milho, mandioca, legumes, feijão e cana e comercializavam seus produtos com pequenas povoações vizinhas, de brancos e mestiços. Sendo assim o governador propôs ao chefe Ganga Zumba a paz e a alforria para todos os quilombolas de Palmares. Ganga Zumba aceita, mas Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. Além do mais eles tinham suas próprias Leis e Crenças e teriam que abrir mão de sua cultura.
1680: Zumbi assume o lugar de Ganga Zumba em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas.
1694:
Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares e onde Zumbi nasceu, cercada com três paliçadas cada uma defendida por mais de 200 homens armados, após 94 anos de resistência, sucumbiu ao exército português, e embora ferido, Zumbi consegue fugir.
1695, 20 de Novembro: Zumbi foi traído e denunciado por um antigo companheiro, ele é localizado, preso e degolado aos 40 anos de idade. Zumbí ou "Eis o Espírito", virou uma lenda e foi amplamente citado pelos
abolicionistas como herói e mártir.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sinto falta de um tempo de silêncio e riso
Falta das tuas mãos sempre maestrando alguma nota
Sinto falta da tua inércia durante o sono
E da tua impaciência quando é contrariado...
Sinto falta do teu cheiro sempre me invadindo como um clandestino
Morando em mim feito meu sangue... Correndo solto no meu corpo...
E sinto... E sinto tanto...
Falta das horas de conversa boa
Falta dos vários cigarros que você acende enquanto bebe suas cervejas (e eu que só bebo café e coca-cola rs)
Sinto falta das havaianas brancas
Do cabelo rasta
Do sotaque
Do ataque noturno, diurno, matutino...
Sinto falta de ficar olhando você e pensar: meu Deus deixe-me aqui o resto da vida...
E sinto tanto falta de segurar sua mão ao andar nas ruas de Sampa
E das aulas que você me da, de musica, cultura popular, e de como ser tão especial sendo apenas você mesmo...
E sinto falta do teu beijo
Todas as horas em todos os lugares...
Sinto muito falta de estar ai, ou você aqui,
Mas te levo comigo, e vez ou outra fecho os olhos pra lembrar de você, e no silêncio do meu coração, escuto o som da tua risada, e me enche de alegria saber que você existe, e que mora em mim...

Bjs

Xica Lima
08/11/07

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Carrego no meu sangue o som do gonguê
Dentro de mim homens e mulheres que caminharam por este chão
Gritam suas vontades e sua história...
Meus braços doem
No cansaço insano de suor e força
Eu sou de ferro e aço
E ressôo no mundo
Filha do grito primário da Terra...

Meu estandarte felino
No meu andar feminino
Vestido branco
Minhas unhas de sangue
Meus pés... De longe...

Seguindo o rastro dos meus antepassados
Guardados pra sempre
Dentro de mim...

Então eu canto.

Xica Lima

28/10/2007
Unha vermelha...corre
Eu cravo...não rosa...
Beijo de língua
Eu quero um verso na boca da noite
Tua prosa...
Fora tudo isso
Eu quero mesmo é ser a puta que o pariu
E que seja
De gozo e festa
Porque o que presta é a farra da noite inteira
De manha
Leite de cabra
Torresmo
Angu...
No mais...
Ai que preguiça
Amanha eu te conto...rs

Xica Lima
28/10/07

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Hoje quero deitar no meio da tarde e ficar horas esperando que o tempo passe por mim... Sem me ver...
Hoje eu quero passar sem ser vista...
Vou buscar um buquê de margaridas (que margarida é flor simplinha feito eu nua)...
Quero encher o mundo de margaridas
Eu quero virar brisa
Bailarina
Quero dançar forró atada a mão de algum cangaceiro
Eu quero ser de alguém... Sem ser...
Hoje eu quero jogar fora meus tênis
Andar descalça
Eu quero cantar na rua uma música que aprendi na infância
Quero que me digam: louca!
Ai, que de loucura e alegria eu sou feita toda...
Hoje eu quero (quero muito mesmo)
Beber na boca amada um gosto de festa
Um gosto de língua e alma
Um gosto...
Hoje eu vou andar maltrapilho
Servir de sexo e farra, homens que eu nunca vi
Banhar de leite meninas que eu não sei
Virar sereia na água do mar de Netuno...
Iemanjá me dê sua benção
Oxum me ensine a dançar
Venham de lá todos os dançarinos
Os alegres
Os que vivem profundamente
Venham de lá...
Que hoje eu de cá os recebo...
Sou um vaso onde se encerram todas as alegrias do universo
E hoje derramo no mundo tudo que sou...
Eu sou de água e vento
De um tempo
Onde fora é dentro
Lento...

Xica Lima
25/10/2007

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Do néctar da terra eu te colhi.
Enchi do teu ar meus pulmões de anciã
Servi-me de teus risos
Das tuas gentilezas...
Entre as tuas pernas eu dormi
Ressonado meus sonhos de louca...
Minhas rezas, todas,
Eu te ofertei...

Eis-me, colhendo em ti o teu melhor
E servindo-te o meu melhor

Coisas que desaprendi ao te encontrar
E desaprendendo... Só então,
Voltei de um tempo onde nada havia
Além da falta que te sentia.

Xica Lima

15/10/2007
Ai que me doem de relento os olhos
Minhas mãos não conseguem a firmeza do tato
Sigo tremula
Cega
Louca...

Ai que me dói este eterno perguntar
E perguntar
E perguntar...

Xica Lima
15/10/2007
O tempo toma conta de mim
Sou índio desprovido de rio
Minh’alma quer voar
Beber na escuridão das noites qualquer coisa de fogueira e ferro.
Minha alma segue de vento e mar
Indignada com a velocidade das mudanças
E ao mesmo tempo, encantada com a musica que componho em meu ser...
Tenho notas musicais presas ao meu umbigo de mãe
E trago de varias inquisições
A minha força e o meu grito...

De notas, força e grito
Eu te canto
Te acalanto
E se te causo algum espanto
Pronto!

O tempo... o índio... e eu.


Xica Lima
14/10/2007
Fica bem longe o lugar de onde vim...
Está longe o lugar pra onde vou
Onde é?!
Tão longe que não se sabe a medida
Tão longe que treme meu coração
De ansiedade e susto.

Há um feriado
Um ser descalço, criança.
Um velho que fuma
Um caboclo que benze
Há balas
Cantigas
Amanheceres
E há ainda
Teu convercê de madrugada
Um gosto que te roubei
E a delicia de não saber
Quão longe é o que se idealiza
E quão dentro está o que me paralisa...

És de fé e calor
A fogueira onde ardem
Meus mais doces pecados...

Xica Lima

11/10/2007

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Hoje danço na rua vazia do teu sonho
Navego entre o real e o que deveria ser...
Atravesso as portas como um fantasma
Sou de éter e cor.

Xica Lima
04/10/2007

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Havia uma grande janela ao acordarmos
Uma revoada tomou conta do lugar
Não eram pássaros... era afeto...
E o quarto sorriu da nossa falta de pressa.
Já era tarde no relógio do mundo
Manhã de frio e coberta
Veja meu Rei:
Café, agasalho e instrumentos...
No mais
Tua mão na minha
Leve descoberta
E o mundo sorriu.

Xica Lima
01/10/2007
Dentro de mim tantos mundos...
E se me param nas ruas, estranhos...
Infantis são os homens e seus filhos
E os filhos dos filhos
Minhas costelas nada sabem de Marte ou Vênus
Nem meus pés pequenos bailaram na gravidade da lua
Minha mente, espírito, coração
Viajam
Em vôos noturnos
Com olhos abertos
Minha destra alcança tua nuca
E de carinho
Enche-te como a um jarro...
Sou liquida
De som e água eu te batizo.

Xica Lima
01/10/2007

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Eu colori de roxo minhas pálidas unhas
Com aquarela enchi uma tela de luz e sombra
Eu viajei pra Serra Talhada
Ouvi as cabras na madrugada
Gritando o leite dos cabritos famintos
Eu vi o sertão pegar fogo
E minhas unhas desbotando e perdendo-se
Na carne dura do sertanejo que amei...
Eu sonhei lua
Te esperei nua
Na rua perfeita
Feita pro nosso encontro
Bati minhas asas de fada
Borboleta
Fênix
E cobri de calor e casa
Teu desejo de não ser mais só
Eu
Com aquarela e amor
Colori o mundo
O sertão
Nossa casa
Meu amor...

Xica Lima
25/09/2007
Eu não te quero pra mim
Agora eu te quero.
E depois
E depois...

Lá longe
Teu grito me elegeu Rainha
Minha alma te disse Rei.

Bravamente andamos na caatinga
E dos nossos pés sangrando
Nossa colcha de retalhos colorimos...

Andamos
Tu e eu
Pelo tempo
E o tempo riu e parou
Pra nos deixar a sós

Agora sim...
Eu te quero
Te quero
E te quero...
E é só.

Xica Lima
22/09/2007
A carne e o tempo

Embora o sonho tenha vestido calça xadrez
Feriu-se de sangue a lua
No corpo azulado da Terra...
Melhor será escorrer suave de chuva e lágrima
A carne corrompida grita outro amor
Mais terno
E o tempo alinha meus olhos espantados
Com meus óculos de fé e dor...
Sou do tempo de voar...
De vôo e sombra
Eu sou.

Xica lima
22/09/2007
A cerveja bebeu teu gesto mais definido
Perverteu teu corpo a rua de calor e tempo
Abriu teu peito meu amor de menina
Dormiu em teu colo
Meu corpo de mulher e fogo...

A cadeira recebe teu peso
A medida que tomo quando te recebo nua

De febre e gozo acaba-se a noite
E na nossa cama de gato e sonho
Finaliza-se nosso sono

No calor das horas
Um silêncio quebrado apenas pelo som do teu riso
Tão querido
Menino...

Xica lima

22/09/2007

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O que dizer de pessoas tão especiais...

Tenho a alegria de estar perto daqueles que de alguma forma descobriram alguma afinidade comigo, e com os quais eu descobri muitas coisas do tipo:

eu posso e devo usar uma flor no cabelo: Morenona! ainda vamos rir muito de tudo lindaaaaa
fazer café jogando o pó sem medidas, e dividir a cama em que estamos com o ser amado com uma menina que é carente...: Vander exagerado, querido...
tabule com muita hortelã, retratos com gosto de amor: Sinval meu lindo, meu querido...
futebol é coisa de menina sim: Eli que amore!!!! gollllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll
carinho nunca é demais: Celina linda!!! vc é um orgulho de mulher
respirar antes de gritar: Carol Santos brava sempre...rs ti adoroooooooooooooooo
eu posso colorir meus cabelos pq é fashion: Watanabe cremosissssssiiiiimmmaaaa
eu não devo beber mais do que café: Leo... rs preciso explicar??
sossego é bom e da uma preguiiiiiççççaaaa: Cassio... e seu suco de laranja...queridão
tipo assim... sei lá... eu tenho que mentalizar coisas boas e elas vão acontecer: tipo assim Elaine a beira de um ataque de nervos...rs linda
eu não devo dormir de óculos ou corro o risco de acordar parecendo o pantaleão rs: Henry...kkkk e não me perguntem quem é pantaleão pelo amore...rskkkkk
eu posso fazer mil perguntas e não entender nenhuma resposta: rabelooooooooooooooo...cremosaaaaaaaaa
eu tb posso fazer piadas de tudo, mesmo que ninguém entenda rs: Foka;....kkkkkkkcremosãoooo
eu tenho o direito de ser tranquilaaaaaa: diegooooooo...cooorrdddaaaaaaaaaa...
eu devo falar baixo, e ser paciente: Juliana, sempre muito sutil... linda vc é querida...
as pessoas não são só aparência, mas uma mulher de peito é sempre uma mulher que chega primeiro: Karen cremosissimaaa...eu te adoro!!!
as meninas mais novas podem ser e algumas são bem especiais e inteligentes: minha lindaaaaa Nikkkiiiiiiii, continue colorindo sua vida....

se eu esqueci alguém me perdoem...
eu amo todos vcs...
meus lindos

O amor que eu te sinto não pede nada
Segue sendo animado pela doçura do encontro...

Me perde de ser apenas eu para que eu seja sua.
Apenas sua...

Bebe o meu sangue
Leva meu sono
Estrangula minhas certezas
Fere meu corpo

Esse amor que nada pode descrever...

Eu sou a que antes de ser Eva
Colheu na tua fronte um olhar mais doce e menos furioso
Sou a que por escolha, lavou teus pés
Velou tuas noites febris quando vinhas de longas batalhas.

A provedora do lar
Aquela que em nome de outras vidas lacerou o corpo
Partiu-se em dores
E em grandes amores...

O amor que eu te sinto desde que a alma teimosa
Insiste em voltar...


27/04/07
Agora feche os olhos.
Beijo-te comovida como um soldado
Que vem de batalhas doridas
E que até do teu silêncio sentiu falta.

Agora estenda as mãos.
Receba o que te trago:
Amor!
O mais são bênçãos, doidices agigantadas pela euforia do encontro...

Agora respire fundo...
Dentro de nós há um lugar sagrado
E neste lugar pisemos descalços, respiremos pausadamente.
A fim de perpetuar o encontro e não macular a mágica do lugar...

Agora solte-se.
Para voar e para ser amado
É preciso ter asas de anjo e coragem de guerreiro.
Vem voar comigo...
Que eu TE AMO!




20/04/07

Meu calor é teu...
Como uma brisa que te devolverá à vida

O teu riso é meu
Como uma lembrança doce que jamais será esquecida

Juntos
No tempo que nos uniu
Eu não tenho mais paciência
Fui perdendo-a pelo caminho íngreme dos meus anos...
Eu na verdade quero gritar!
Quebrar uns copos
Quero não alimentar esperanças vazias
Eu quero não ter que te aturar
Nem ao teu constante mau humor
Eu quero é rir alto
Ser feliz com tudo que posso.
A paciência que eu tinha? Eu dei férias pra ela.
Talvez um dia ela volte
Mas por enquanto, vou indo bem sem ela...
Quero ir bem sem você também...
Tire férias de mim
Tire férias de você!
Quem sabe você encontre alguém diferente em si mesmo.
Dê férias a sua paciência
Erga seus olhos uma vez apenas
Quem sabe você verá algo além dos seus próprios sapatos....
Fazemos assim:
Você está de férias!
Eu estou de férias!
E vamos cada um pra bem longe do outro
Exercitar nossa falta de paciência!
E como nos contos de fadas
Seremos felizes para sempre.
(até que o destino nos una novamente)


22/03/07

sexta-feira, 27 de julho de 2007

continuação de: De lagarta a borboleta

Voltei a voar...
Passeiam meus olhos sobre o mundo, que hoje é de inverno e frio...
Minha cria encolhe-se entre cobertor e sofá, pé quebrado, férias de ficar em casa.
Minha mãe não descansa, dia e noite, bolos, café, amor que nunca mais se acaba...
Meu pai que reclama, “ai como dói”... Meu pai que sonha, que fala muito, e que é meu exercício de ser paciente...
Meu gato que dorme... Dorme... Dorme... E que só acorda para miar seu cio que nunca acaba rs... Barulho de vontade, som de ser só e querer não ser...
O mundo hoje esta com frio, meus pequenos ossos congelam, uso luvas, blusas, muitas mesmo...
Para voar no inverno é preciso cuidado, o gelo das manhãs pesa sobre minhas asas, e o cair da tarde parece entristecer os homens... A mortalha do amor me traiu, não me aquece, até me sufoca nas tardes em que teimo em voar em busca dos olhos de verde amado...
Pára-choque de caminhão, poesia de beira de estrada, marmita de baixo do braço, meias furadas de tanto lavar, ai a cabeça que de tanto pensar dói desatenta de ser apenas eu mesma, o mundo enlouquece no inverno em mim, e se fico sozinha esses pensamentos ficam me perguntando coisas e eu fico conversando comigo no trem, na rua, mil coisas em que pensar e eu sou só uma... Só uma... Tão confusa eu sou, mas agora descobri que posso mais, posso ser amada verdadeiramente, posso voar mais alto, posso gastar todo dinheiro que eu quero, posso até ser mercenária se eu quiser, eu posso ser boa e ser má de vez em quando, eu posso fazer silencio e gritar se me doer, eu posso dançar na rua na minha casa (a casa do meu espírito é meu corpo!), eu posso acreditar , posso ser extremamente ingênua, eu posso colorir com lápis de cor meu mundo de sonhos e fadas, e eu posso fotografar tudo em preto e branco e partir da idéia de que tudo é muito simples , e que há sempre algo mais perfeito do que a cor, eu descobri que posso voar entre duas paredes muito próximas e não me ferir ou posso chorar de sangue e dor ao fincar os pés no chão de terra e cactos, eu posso amar e não amar, eu posso correr posso ser o que eu quiser, posso até tentar escrever o que penso e não ser coerente, eu posso ser incoerente e gostar disso!
Ai!
Voltei a voar, como antes, como sempre, um vôo doce sobre todas as coisas nas quais eu acredito, eu voltei pra mim...
Ai que delicia voar assim...


27/07/07

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Outra leitura do dia 25/07:

Hoje está:
Silencioso o dia que molhado segue
Frio de não ter coberta
EU QUERO CAFÉ!

Quero cantar e dançar no meio do trem
(ai, que a minha loucura é alegre!)

Eu quero abraçar meus amigos de manhã
Um beijo (sempre) na minha mãe tão querida
Perceber os olhos nipônicos da minha filha
E beija-la dizendo: “Bom dia magrela!”

EU QUERO UM CAFÉ!

Horas diante do PC com meu amigo que tem uma Zenit
Quero beber da alegria infinita que é estar viva e aqui neste instante...

Hoje está:
Um dia em que nem a chuva vai me impedir de sair e ser feliz!

EU QUERO OUTRO CAFÉ!


25/07/07
(No trem)




Hoje está...

Um dia molhado
Molhados meus tênis
O guarda-chuva da vizinha

Molhado o piso do trem
O vai e vem das pessoas
Molhado meu sonho
Que cobre meu rosto assustado...

Molhadas as mãos nervosas
O corpo de suor e febre

Molhado o mundo entre o vidro e o caminho que se faz...

Hoje está...

Molhada a solidão em que vou
E que de tanto me acompanhar leva nome
Molhada irmã.
De um dia molhado
Como os olhos de amar o que não posso.


25/07/07
07:56 no trem

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Por você eu faria as mais loucas prosas
E me desnudaria em versos pálidos em folhas de papel jornal.

Por você eu cairia do alto
Como uma maçã
Prestes a ser mordida...
Por você!

Eu sairia na noite em busca do riso perdido
E de presente eu te daria o riso único dos anjos...
Eu velaria teu sono
E nas madrugadas de sentinela do amor eu seria tua melhor coberta.

Por você eu retiraria de mim todo sangue que dá vida ao corpo
E meu espírito de ave, voaria pra longe...
Em nome de algo muito maior do que a carne humana pode contar.

Por você eu seria voraz, ou cálida, ou doida...
Eu seria esta que eu sou, simples, com meus dons
Vindos antes mesmo de teus olhos serem...

E nas tuas barbas eu dormiria silenciosamente
Um sono de amor...
E só por amor eu te faria feliz.
Assim...


30/05/2007
23:11hs

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Minha obra é algo que era para ser e não foi,
E por não dar certo se transformou em outra coisa,
E transformando-se me fez ver outras possibilidades
E ao invés de ser criação, foi criadora de mim...

Quando eu transformei com minhas mãos, algo morno, em algo cálido,
Leve, cheio de um amor que flui dentro de mim,
Este algo transformou o meu amor em doação,
E meu amor doação vive agora nos olhos, e no coração de outras pessoas...

Aprendendo a lidar comigo mesma
Eu aprendi a lidar com os outros seres,
E estes me receberam tão bem
E gostaram de ser amados, e me amaram em troca.

E tudo que pedi, foi muito menor do que o que recebi.
E tudo que recebi, devolvi.
E assim a obra que era só minha agora é de todos
E todos somos, uma única ferramenta,
Aquela que dá à obra, a luz e o brilho do intelecto humano.
Que humaniza tudo que toca;
Que amplia horizontes,
E divide experiências,
E ensina que a transformação às vezes é dolorosa
Mas é também criadora de uma outra realidade
Que pode ser boa, mesmo não sendo aquela que idealizamos...

Minha obra é o sinal das minhas mutações
Do meu amor incondicional
E da minha falta de medo de viver tudo que posso profundamente...

A alegria ou a dor... Tudo faz parte do meu eu,
E por isso, parte do meu crescimento.

Se eu conseguir descobrir em mim alguém melhor e mais sábia
Talvez consiga conversar sem receio com as crianças e as fadas.
E Deus com seus braços muito largos me abrace nas horas sofridas
E com sua voz doce me faça dormir, e acordar inteira das batalhas...

E minha obra será a luz que ilumina um rosto
Ou a música suave do vento...

E talvez eu tenha cumprido, o que não sabia que podia.


28/03/07
Escorar o mundo com pau puro
E ganhar na reconstrução um sagrado gosto de terra vermelha...

Dançar com chinela velha
E erguer no pó do assoalho uma memória
Iluminada com luz de lampião...

Beber na aurora da vida um gosto divinizado de sol
E beijar na boca amada
Um amor com jeito de cantiga de roda...
Infantil e puro...

Viver... Muito e profundamente.
E cavar na insanidade dos nossos sonhos
Esse que somos...


(02/05/2007)

quinta-feira, 19 de julho de 2007

"Tenho febre da tua rouca interrogação
e de como o chão se abre
para que neste buraco
eu encontre as respostas..."
"Tú és algo perdido
entre o meu sonho
e o mundo em que durmo...
feito de névoa e saudades..."
"Embora sejas uma miragem...
tenho vivido e morrido
na tua boca de areia e céu..."
Eu tenho fome...

Da luz da lua perdida em algum sutiã
Brilho difuso que se perde, ao se achar...

Fome da hora em que se nasce
Da alegria do primeiro choro
Feito de dor e sangue...

Fome da cruz que se carrega e que nunca apodrece
Nem quebra, nem é corroída pelo tempo...

Fome de um justiça que diz justiças...

De um amor!
Ah! Fome de um amor que seja cantiga de roda (puro e simples)

Fome de brincar na rua
De ruas com gente viva, inteira...

Fome de pés que caminham, e que não precisam correr o tempo todo
Fome da luz que se dá, quando encontra-se quem a receba
Fome de ser lanterna, lamparina ou vela...

Fome do silencio, e de sentir o barulho estrondoso que ele nos causa...

Fome de ser o que se é
E só.


18/07/2007

terça-feira, 10 de julho de 2007

Morrer um dia de cada vez...
Não notar seus passos
Nem fechar as portas

Não soluçar minha dor feminina
Não doer meus cabelos tão curtos
Minha pouca fé não deixar que se perca de mim

Não rastejar
Morrer um dia de cada vez

Não esperar perdão
Nem pedir que me perdoem

Não amar sempre a mesma pessoa
Não querer ser amada...

Morrer um dia de cada vez

Ferir de véu e negro meus olhos pra nada ver
Perder a memória do tempo em alguma gaveta
E deixar que o bolor tome conta das minhas unhas de velha...

Morrer...
Todos os dias...
Um atrás do outro
E descansar de ser eu mesma...

Não errar, não ter que sempre acertar
Não magoar de sal o gosto da noite
Não chorar...

Só morrer...
Um dia de cada vez...


10/07/07

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Com que punhal, feriste meus olhos
De tal força que sigo cega a tatear teu vazio...

E a ferrugem que corroia o punhal
Apossou-se de mim... leve e mortalmente...

Lacerou meu corpo o teu de seduzir
E não mais se viu no baile
A louca da tarde

Minha fábula apodreceu diante de uma TV desligada
E o seu retrato de não te ver
Fugiu da sala com medo das minhas mãos
De sangue e fúria

Sigo só.



Eu quero voar
Lançar meu frágil corpo no ar feito uma música
Levitar diante dos olhos fatigados da multidão
E coroar de asas e festa minha existência de fêmea...

Quero brindar com água da chuva
Beber o pouco que me dá tua boca
Quero deitar e dormir sobre a relva de Minas (as Gerais)
E sonhar...
Ah! Que isso está em mim
Nas minhas vestes
No meu andar torto
Na minha carência em ser amada...

Ai!
Eu vou voar...


05/07/07
Eu levo diante de Deus
Uns olhos de amar o abstrato
Meu umbigo de leoa
Perverteu a madrugada do teu sono

Há que me perdoar o mau jeito
A febre com que te abraço comovida...

Levo nos pés as estradas de terra
Chinela velha,
All-star puído de te acompanhar.

Eu levo unhas vermelhas
Cabelo curto...

Carrego na janela dos teus olhos esta que eu sou
Mas que ninguém conhece...
Nem você!

Diante de Deus eu sou só este espírito companheiro,
Teimoso em amar demais

Sempre...

Sempre...


05/07/07

terça-feira, 3 de julho de 2007

Em algum lugar o orvalho da manhã lavará nossos olhos
Reergueremos do barro a casa em que nascerão nossos filhos
E estes correrão entre os lírios pálidos do jardim
E o perfume dos lírios reinventará em nós
O desejo de juntos dormir
Juntos acordar
Juntos...
Sempre juntos.
Haverá um sol mais amarelo que em qualquer outro lugar do mundo,
E da nossa casa veremos a tarde amarelar nosso jardim
E veremos o céu da noite salpicar o teto do mundo
Com contas tão brilhantes quanto os olhos dos nossos filhos...
Sim.
Juntos na noite universal
Atados ao tempo que nos uniu.

Jô 26/06/07

terça-feira, 5 de junho de 2007

Inicio... reinicio... sempre...

O inverno chega de um sopro...
Hoje o frio toma conta do mundo, e este, parece tão triste... Chove fina e delicadamente, como se assim, se aliviasse a tristeza deste dia, ou se pudesse transformar a tristeza, num silêncio de se viver quieto...
Aqueço a chaleira, respiro um ar de vapor, borbulha então um chá de flores, carinhos que resolvi me fazer, talvez minha cria me acompanhe neste ritual de aquecer a vida, talvez apareçam visitas amigas, e bolinhos de chuva? Em dia de chuva? Delicia!
Minha solidão se aquece, ouço uma música, minha alma de borboleta alegra-se em festejar, Djavan, "esse imenso, desmedido amor...", releio livros para me distrair do amor que dói em mim, por não ser recebido como eu achei que deveria.
Em minha auto-análise me questiono se eu realmente sou merecedora do amor de alguém, na verdade às vezes eu acho que me idolatro, por achar que o ser amado tem que devolver o que sinto em dobro, e se puder em triplo, mas este ser não pode, ou não quer, ou simplesmente eu não sou tão especial quanto acredito ser... Talvez eu seja medíocre, e na minha mediocridade, eu tenha acreditado ser grande... E talvez eu tenha sido estúpida em ter acreditado assim...
Seja como for, cá está o chá que vou sorver, silenciosa, comigo mesma, (e eu gosto de mim.) , a música povoando meu lar, e o cheiro deste chá incendiando meu nariz, uma canção povoada de saudades, um cheiro roubado de algum jardim, lembranças de como ser, e pensamentos povoando a mesa, o chão... Eu espalho na casa minhas dúvidas, e vou eliminando uma a uma, até nada restar, então saio de casa, no meio da noite, e no sereno gélido retiro de mim outra borboleta, uma que não se sabe de onde veio, mas que me alegra... Olho em volta e o mundo se faz escuro, frio e silencioso, apenas eu no meio do nada, revirando minhas expectativas, e decidindo quais aquelas sobreviverão à nova borboleta...
A vida é uma eterna transformação pra mim, e minhas metamorfoses vêm de sopetão... Como o inverno...
Toda estação é assim, um trem que chega, outro que vai, pessoas vindo, indo, inverno, verão, outono... Eu sou primavera nesta madrugada, e no meio do asfalto gelado, floresço... Contrária, colorida, com minhas asas, cheiros, meus chás, e o som das melodias do Brasil...
O inverno chega de um sopro
Eu me viro, reviro, e chego de novo... Re-no-va-da...
É diferente, estranho, assustador, mas é assim que eu recomeço.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

14º dia... meu amor...

Voar tem sido meu melhor remédio... Deixei teus olhos em algum jardim, perdidos na admiração do mundo, um mundo em que não se pode caminhar sozinho... Como foi que aprendi a ser só, eu não sei. Tenho voado em busca de outras formas, outros gostos, mas eu sei que mesmo mudando tudo de vez em quando, eu continuo buscando teus olhos que deixei... Não me é fácil dizer, sinto-me morrer de saudades, e recolho-me na dor da ausência do teu riso... Uma morte lenta, morna, silenciosa, que me pega pra dizer da minha insignificância, e quer me ensinar a ser humilde... Deve haver alguma humildade em morrer assim, a humildade de doar tudo que se é em nome de outrem, e não esperar flores... As flores devem-se dar no auge de toda vida, quando o amor é doce, quando há abraço e pés que se cruzam na cama, no chão, no silencio de um dia de chuva... Flores devem ser presentes de alegria, devem colorir vasos, devem enfeitar cabelos, devem carregar o significado de um querer bem... Se eu morrer hoje, não quero flores, nem lágrimas, na verdade eu gostaria que ninguém estivesse só, queria que as pessoas aprendessem a compartilhar mais, a amar mais, sem tanto medo de se doar, porque o tempo passa voando por nós e quando nos damos conta, algumas coisas perdem-se no caminho até aqui... Se eu morrer hoje, quero todos de mãos dadas, talvez uma prece em nome do AMOR, que este sim consegue descrever minha trajetória...
Então sigo voando, perdendo minhas asinhas em nome dos olhos do ser amado, voando pra fazer sombra, espalhar pólen, e recriar um mundo em que tudo é transformação. Quero enfeitar a vida das pessoas com alegria, abraços, música, solidariedade, amizade, amor... Devo ter sido concebida sob o signo da ternura dos que amam muito e profundamente... Talvez renasça através do amor de outro ser, talvez alguém ou algo me salve de ser só, e eu sobreviva à lembrança do amor que se foi, e talvez eu possa fazer do meu corpo a casa de outro ser, em nome da transformação do amor de Deus.
No momento traço um vôo solitário, beijo no orvalho da manhã a terra que me recebe, e recebo a graça de ser apenas o que sou...

13º dia voando leve...

Um voar no vácuo, e plaino feito asa delta... Sem a preocupação de ir pra qualquer lugar, apenas estar assim... Leve.
Receber de Deus essa brisa, presente tão doce quando nada mais te parece acarinhar...
Quais os símbolos que me movem neste momento, se nem o dinheiro nem o amor estão aqui, apenas eu e a brisa, num colóquio amoroso e simples.
Quero deitar na grama ao lado de uma cachoeira, e ficar horas ouvindo o som da água caindo, buscar refúgio neste som e com ele criar uma música, notas que vão partindo-se como querendo partir meu pequeno coração de borboleta... Um arco-íris deve surgir, pra colorir de vida a música única que eu criar, e deve haver um riso de criança, para que a música carregue com ela a pureza e a alegria da infância...
Deus, deixe-me ser tudo que posso. Deixe-me voar em busca dos meus símbolos perdidos, deixe-me quedar exausta da alegria que é o amor. Permita que eu crie mais, que eu ame mais, que eu agradeça mais. Deixa-me gritar vez ou outra um palavrão, que de raiva e impulso também se tira alguma sabedoria. Me deixa ferir com agulha fina e lacera meus órgãos pecadores, que minha alma, esta não se corrompe. Dá-me Deus a sublime sabedoria dos que lastimam menos, e amam mais. E a música que eu criar, de cachoeira, arco-íris e criança, terá ainda a força e o calor dos que vivem tudo, da dor ao amor, e meu vôo e meu descanso ganharão um signo novo, com jeito de terra e alma de anjo...

12º dia... frioooo

Vou voar mais cedo hoje...
Tenho reinventado meus caminhos, tenho revisitado meus amigos, antigos amores, recentes amores, ah! Meus amores...
Há poucos dias foi uma festa!
Eu borboleta festejando meu aniversario... Como uma grande criança, brincando de ser feliz.
Um calor novo tomou conta de mim, não sei amar menos, e sigo apaixonada...
Minha nova idade não faz de mim alguém mais inteligente, ou mais esperta, na verdade me sinto amedrontada e só, sem conseguir voar em busca do que preciso, e sem poder alcançar o que quero...
Passadas tantas mudanças, o tempo ou o mundo, ou sei lá quem, quer me mostrar o quão frágil eu posso ser em determinados momentos...
De repente perde-se a guerreira, santa Joana D’Arc., e surge em mim meu casulo, acho que eu sai do casulo, mas ele não saiu de mim... E pra onde fugir, e será que devo fugir?
Hoje vou voar mais cedo, procurar novos horizontes, tentar me encontrar em algo.
Quero estar totalmente livre!
Quero mudar de rumo quando me der vontade, colorir meus cabelos, rasgar umas roupas, como forma de ser eu, simplesmente.
Eu acho tudo muito simples. Beijar, amar totalmente, não se regular, não regular carinho... a espada está sempre lá, e estou sempre me ferindo... a vida tem esse gosto, de sangue e amor... Vou-me dessangrando, fazendo de mim esta que eu sou...
Hoje vou voar mais cedo. E curar essa solidão que acordou comigo. Tenho medo de ser só, mas não tenho medo da vida, e do que ela me oferece. Abraço essa oferta e me sinto extremamente grata.
Bato minhas asas coloridas, e desejo muito que essa dor passe, estou voando pra esquecer, ou passar...

11º dia...

Onde eu encerro meu esforço de voar?!
Sinto-me hoje como há muito tempo não sentia, sóbria, lúcida, acordada...
Andei tropeçando em alguns dos meus sonhos, minha realidade me feriu diversas vezes. O meu espírito (eu me lembro) quando criança, já era um pensador. Eu passava horas à espreita do mundo. Lembro que acordava cedo para ir à escola, e nascia atrás da minha casa um sol gigante e amarelo, e eu já era neste tempo uma admiradora da beleza do encontro com a manhã. Ficava ali sentada, olhando o sol, às vezes eu fechava os olhos e sentia o calor me abraçando... E me entregava a mágica da renovação.
Hoje ainda sinto o mesmo, como se o sol estivesse me acompanhando, aonde vou. Gosto dos entardeceres, mas os amanheceres têm um gosto de vida pra mim, fico estática se há um sol nascendo...
Quando era criança lembro-me de sair pela rua sempre cantando alguma música, gostava de ler, houve um tempo em que a poesia apossou-se de mim, e desde então eu sou esta.
Sei que tropecei em muito do meu caminho. Mas mesmo que tivesse o poder de mudar algo, não mudaria. Aprendi que muitos dos meus erros se deram devido a minha ingenuidade, e olhando hoje para mim, reconheço que ainda trago a pureza da menina que acordava pra ver o sol nascer.
Eu sou uma romântica, sonhadora, apaixonada pela vida, pelas pessoas.
Mas também sou uma guerreira, uma da raça dos fortes, e com a mesma paixão com que me entrego aos meus amores e sonhos, me entrego à luta. E se o caminho não se compadece de mim eu o desafio, e sigo fortalecida pela certeza de que não existem impossíveis.
Onde eu encerro meu esforço de voar?!
Acho que não encerro... Sigo sempre numa busca quase insana de reconhecer os signos do meu amor, ou dos meus ideais... E a menina que um dia eu fui, segue comigo, não me deixando esquecer do sol, nem da música, nem do que é suave...
Gostaria de abrir os braços agora e tocar (mesmo que de leve), a candura e o calor do homem amado... Mesmo que ele não saiba, mesmo que isso seja tolo, mesmo que pra isso, eu perdesse minhas asas... O valor do que se ganha, supera a dor do que se perde...

sexta-feira, 1 de junho de 2007

10º dia...

Ainda que a dor me assalte, ainda que a perda de um grande afeto ou amor me cumule de tristezas... Meu corpo contraído, convulsionando partidas, ainda assim, buscarei minhas raízes, sobreviverei quase altiva, cavarei com minhas mãos alguma esperança, em algum lugar enterraram-se minhas verdades, meus ideais....
Ainda que o mundo diga o contrário, o meu universo vai caminhar para minha realização, meus esforços serão os de ser melhor, mais sábia, menos insegura ou rabugenta...
Ainda que o vazio no estômago me diga saudades, eu selarei comigo mesma um pacto de vida, e mesmo em cólicas não deixarei que os dias passem sem minha presença, eu sou única, especial, quando vim ao mundo eu vim só, e é só que partirei daqui. Ninguém há de possuir minha essência, e eu não desejo possuir a ninguém. O amor faz suas próprias escolhas, e foge de mim o controle dessa emoção primária e universal... Então sigo amando, quebrando meus ossos vez ou outra, parindo a mim mesma sempre que meus joelhos teimam em alcançar o chão em quedas suaves ou grotescas...
Ainda que eu não encontre o ser amado, esperado, seguirei inteira, viva, minha identidade renovada como uma fênix, lágrimas que curam minhas próprias feridas, e asas que nunca deixarão de voar, em busca do NOVO que nos assalta!
Eu quero lonjuras...
Grandezas...
E eu quero muito ser feliz, que eu mereço!

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Um acidente modificou minha asa esquerda... Ando capengando, e tenho nos meus limites a dor da falta de ser livre...
Ando capengando sem amor, nem amigo pra dar ombro, nem o chá de jasmim colhido de algum jardim chinês... Eu capengo sem essa asa, e com essa falta de algo indescritível, (porque não há palavra que o diga)... Talvez seja falta da outra metade descrita por algum grego, aquela metade afastada de mim (como na música!), talvez Chico Buarque com seus olhos muito verdes me dissesse, de onde vem esse espaço dentro de mim que consegue ser muito maior que eu... Ou talvez eu deva rastejar em busca das respostas em mim mesma, e siga doloridamente sem minha asinha, essa parte arrancada de mim...
Devo dizer que tenho obtido algumas bênçãos, um carinho de noite, talvez a lua seja realmente o que me distrai de ser só...
Estou sentada sobre todas as minhas dúvidas femininas, e no momento me sinto muito frágil. Minha guerreira feriu-se, a espada do amor transpassou meu pequeno coração, quebrou minha asa esquerda, e tirou de mim algo muito valioso, talvez mais valioso que a própria asa... Minha guerreira de repente aquietou-se em mim, (e eu só sei lutar), sigo assim silenciosa a espera de que algo mude, cicatrize esta ferida ainda aberta, e me devolva a vontade de voar mais cedo...
Viver é a arte de sentir-se vivo, sinto-me quieta demais, vou cuidar de mim com chás e acalantos, vou acarinhar minha alma ouvindo o som do mar, e talvez Netuno se compadeça de mim, e com alguma palavra mágica, devolva-me o significado de viver, e a vontade de seguir sendo.
Agora me recolho, dormindo sob o manto sagrado de todas as fogueiras, e diante da Terra refaço os meus votos de ser Inteira, mesmo me faltando tanto...

terça-feira, 29 de maio de 2007

8º dia

Todos os dias, em algum lugar, nós nascemos e morremos.
Silenciosamente o mundo tece sua teia, a vida arde, os espíritos se encontram ou se desencontram buscando o crescimento, mais um degrau, outra etapa cumprida, ou não...
Todos os dias novas questões nascem em nós, como crianças e seus “porquês”.
Nosso interesse ou curiosidade faz de nós pessoas integradas num mundo em que nem todos têm as mesmas prioridades, exatamente porque muitos nem sabem o que exigir, por inocência muitas vezes alguns de nós deixam a vida sem ter dela o melhor que podiam.
Todos os dias o verme do saber deve corroer nossas entranhas em busca de algo “NOVO”.
Só a constatação e o reconhecimento de que nossos Deveres nos conferem Direitos, pode nos salvar de sermos massificados e excluídos. E que isso não nos faça excluir quem não reconhece esses direitos, mas nos ajude a defender e guiar estes.
Todos os dias nos deparamos com injustiça, violência, e a banalidade das agressões gratuitas. Cabe a nós não desacreditar em possíveis mudanças, e a reação de pensar mais, é uma grande arma. Uma arma que governo nenhum pode nos tirar.
Todos os dias, também encontramos caridade, amor, amizade, e a salvação que pedimos, como se esta estivesse sempre a um passo de nós.
E este lugar onde nascemos e morremos, pode ser dentro de nós, ou na China dentro de algum chinês, ou em Angola, afinal somos todos feitos do mesmo frágil material. Quando morremos, levamos conosco o sopro divino que nos manteve aqui, e o que deixamos é tudo pelo que lutamos. Cabe a cada um decidir o que quer deixar atrás de si. Eu quero um mundo melhor para meus netos e todos os que os seguirem, e para os netos dos angolanos e chineses e todo o resto do mundo, porque nada somos além de irmãos.
Todos os dias quando acordo eu me questiono sobre o que estou fazendo aqui, e acho que tenho feito muito pouco. Talvez algum dia alguém leia estas linhas que agora escrevo, e sinta-se comprometido, e me ajude a ajudar, e passe essa mensagem a outro que passe a outro, e quando menos se esperar muitos a tenham lido, então não terei vivido em vão, e ao escrever neste papel terei feito um pouco do muito que tenho sonhado, e a minha utopia não se perderá com meu corpo que ficará misturado ao pó da Terra, como num pacto de amor eterno.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Pequenos gestos... grandes ameaças?!

Hoje sobrevoei uma sala...
Eu sei quão pequena eu sou, mas houve um momento de gritos, e um pavor tomou conta da sala. Um grande gato pulava pra lá e pra cá, eu simplesmente não podia entender o porquê do alvoroço, de repente me dei conta de que “EU” era a grande ameaça!
Minhas asinhas livres e coloridas assustavam aquelas pessoas e aquele grande gato.
Fui atacada pelo gato inocente, pobrezinho... Ele sentia-se tão amedrontado que a melhor forma de me dizer isso era me atacando.
Continuei batendo minhas asinhas, até que uma grande mão humana me colocou sobre um vasinho de flores, talvez querendo me salvar daquele gatinho assustado. Senti um grande alivio ao ser protegida, o calor daquela mão e a cumplicidade que compartilhamos em breves segundo me fez acreditar em verdades antigas, como amizade, amor, caridade.
O mundo às vezes assusta-se com o que somos.
E nós nos assustamos com o mundo, quando ele quer nos dizer algo, de uma maneira que não conseguimos decifrar.
Talvez um dia todos estejamos prontos para aceitar quão semelhantes somos, não importa quão diferentes sejamos...
Em diversos paises nascem todos os dias milhares de crianças, borboletinhas saídas de seus casulos, e o que nos pedem?
Brincar entre gritos de alegria, voar em seus pequenos mundos. Quando pequenos sentem-se iguais e amam-se. No entanto em algum momento passam a desentender tudo, e imaginam que aprenderam a ser grandes ao reconhecerem diferenças. Aquele Grande gato assustado achou-me diferente dele, simplesmente por eu possuir asas, e atacou-me por isso. Era uma sala bem grande aquela, e eu simplesmente voava.
Diferenças são difíceis de entender, mas às vezes precisamos apenas olhar um pouco mais o objeto do nosso espanto para perceber nele algo que realmente nos assusta, e combater em nós mesmos a repulsa ou o preconceito. Devemos aceitar e respeitar as diferenças de outrem, como esperamos ser aceitos e respeitados. Às vezes pode surgir uma grande mão para nos ajudar, outras vezes podemos contar apenas com a sorte. Mas seria muito bom contar com a caridade humana, e a solidariedade de um mundo em que todos são livres para ser aquilo que desejam ser, sem que isso sirva de ofensa para outros.
Eu continuo aqui, ensinando minha filha (pequena borboleta ainda) a ser livre, e a amar seus amigos, e compreender seus inimigos, porque todos merecem ser amados.
É no nosso jardim que começo hoje a mudar o mundo.

6º dia... voando...

Que liberdade é essa de viver tudo que posso, e ainda assim me sentir presa a algo, como se eu estivesse o tempo todo no limite, buscando impossíveis, mesmo agora, eu tento escrever sobre o que eu não conheço... Não sei o que desejo, só sinto um desejo enorme por alguma surpresa, algo que me tire do eixo, e essas surpresas não acontecem... A não ser dentro de mim mesma. Gostaria que alguém fosse tão especial quanto esta imagem que eu criei, mas eu sei que é só uma imagem, e que eu posso encontrar milhares de pessoas no mundo e pode ser que nenhuma corresponda ao que eu desejo... Mas por um milagre, coincidência, ou chamem do que quiser, pode ser que eu encontre este alguém imaginado! Pode haver surpresa, tremores, bagunças, alegrias, dores, pode haver um tumulto de sentimentos, e pode ser real... Então não vou ter criado em vão... Minha mente está alerta, meu corpo bailarino pelo mundo, como numa dança de ser feliz, profundamente feliz.
Que liberdade é essa de viver absolutamente, e ainda assim, ter certeza que nada no mundo me deixaria mais livre, do que o amor deste ser tão especial.
Liberdade... Amor... Em que lugar nós vamos nos encontrar... Onde teus olhos vão encontrar meu riso, sempre antes do meu coração... Onde.

Fim de inverno é assim...

O inverno está no final...
Promessas de um belo verão,
eita liberdade boa!
Ser tudo que eu posso, e que eu devo. Não rastejar, e também não pisar nas pessoas, apenas, amá-las, como todos merecem. Uma candura viver assim. Barulho de chuva invade meus pequenos ouvidos, o cheiro da terra sendo lavada, e as flores recebendo a chuva, amanhã de manhã vou logo colher-lhes o pólen, vou sobrevoar o mundo bem do alto, e observar a pequenez de que somos todos feitos.
Olho ao redor. Neste fim de inverno eu também sou o inverno, algumas coisas o tempo levou de mim, o vento fez bagunça nas árvores... O frio tenta emudecer as tardes...
Aí o barulho da chaleira, há um chá que deve ser servido, um segredo de amigas que vai ser sussurrado, talvez algum vexame ou delito leve... Quem sabe...
Espero pelo sol que virá me trazer o calor do seu abraço, tardes cobertas de suor, e as noites de um céu negro feito os olhos do amor primeiro.
É suave o fim do inverno, retiro de mim coisas esquecidas nos cantos,
renovo meu olhar,
meus desejos renovam-se...
Fim de inverno...
No verão promessas de ser feliz...
Muito.
Que eu mereço!

4º dia...


Há uma luz iluminando o lado direito do meu corpo, do lado esquerdo faz sombra, então, chego à conclusão que, por maior que seja a luz que nos atinge, a dor, o amor, se somos inteiros, em algum lugar em nós ainda fica uma sombra, como para nos lembrar que nada é fixo, nem o amor nem a dor...
Logo a luz pode mudar de lugar, ou nós mudamos, e assim crescemos, adquirimos alguma sabedoria ou alguma frustração.
Escolhemos ser luz ou sombra...
E neste ponto reside nosso verdadeiro poder: o de decidir, escolher o que queremos realmente ser, como desejamos viver e com quem desejamos partilhar nossa vida, família, amigos, amores.
Eu escolho a luz do amor, escolho teus olhos na noite, a calma do abraço, a cumplicidade do silêncio dizendo carinhos... Vez em quando eu sou sombra, uma dor que invade meu corpo, uma febre...
Quase falta o ar...
Ainda assim, me sinto livre pra escolher o que me faz feliz, cheiros, gostos, você.
Algumas escolhas não dependem só de mim, e fico a mercê de um mundo em que eu nem sempre tenho razão.

sábado, 26 de maio de 2007

3º dia...

Hoje é dia de trabalho...
Acordo... Banho... Correria... Mas, deslizo entre xícaras de café e celular... rs
Eu sou moderna!!!!
Borboleta saída de algum lugar em mim... Levemente doida...
Andei incomodando pessoas com meu jeito desleixo, meu cabelo muito curto... Respiro!
Aí bato as asas, mudo meu rumo, sigo projetos nos quais ninguém acredita, porque é difícil ser eu?!
Agora que respirei ar novo eu quero amor novo, depois máquina de fotografar nova, depois invento outro algo novo pra querer, porque é muito bom querer, quando eu quero algo profundamente, minha alma bailarina trabalha para realizar este desejo, e meu corpinho move-se ao som de uma música que chamamos “esperança”, amor novo!
Andei sonhando com crianças... a criança em mim quer dançar, pintar casinha e sol, colher pólen recém nascido de flor nova... Eu imagino como é ser gente, ferindo-se em espinhos de rosas vermelhas, somente para apreciar um sorriso de alguém que amamos, e depois colher desse alguém um carinho doce, imagino como é andar de bicicleta aos domingos e em quantas alegrias pode-se viver em momentos tão especiais... E imagino que talvez haja alguém que não note, não saiba dessas alegrias pequenas, e passe despercebido entre elas, como um grande besouro muito veloz...
Hoje é dia de trabalho.
Eu borboleta... zum...zum...zzzuuuuuuuummmmmmm...
Delícia estar viva, e aqui!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

De Lagarta a Borboleta


Um barulhinho na janela é o sol, me acordando com abraços.
Me sinto zonza, o dia é novo como a minha vida agora... Faço silêncio, escuto, olho ao redor, hoje eu deixo pra trás esta casa, deixo de viver fechada e vou ser livre!
Abro os olhos lentamente, para acostumar-me a nova condição. Minhas asas doem, e eu que nem sabia que as tinha... Sinto-me invadida pelo desejo de voar, não mais rastejar entre estas paredes, mas voar... Tomar posse dos meus sonhos, me alimentar do pólen das flores. Eu não conhecia esse desejo, e só agora me dou conta de que preciso tanto ser livre...
Num rasante me sinto de novo enjoada, a cabeça gira como num carrossel veloz, estou doida. Não. Eu estou sendo eu mesma, e encostada na cama sorrio da minha falta de experiência em ser eu. Arrumo as coisas que estavam soltas pelo chão, vou sei lá pra onde, ser feliz aos pouquinhos, porque tudo é novo pra mim. Levo as lembranças do meu casulo, as tardes em que servi chá para algumas amigas, as conversas mudas segredando mistérios de cada uma, a cumplicidade que só o amor é capaz de oferecer. Levo ainda, o cheiro das crianças recém nascidas, um barulho de risos, beijos de pai e mãe.
Eu me sentia bem quando era lagarta, pra lá e pra cá com meus afazeres, achei que era suficiente, não correr o risco, ser boa o bastante e nunca ser má. Ai! Mas eu quis ser má uma vez apenas, quis gritar um palavrão, quis quebrar uns pratos e dizer que eu não era aquela, eu quis muito ser feliz como eu achava que podia, e talvez esse tenha sido o primeiro passo da minha metamorfose: O DESEJO DE MUDAR.