"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

segunda-feira, 4 de junho de 2007

14º dia... meu amor...

Voar tem sido meu melhor remédio... Deixei teus olhos em algum jardim, perdidos na admiração do mundo, um mundo em que não se pode caminhar sozinho... Como foi que aprendi a ser só, eu não sei. Tenho voado em busca de outras formas, outros gostos, mas eu sei que mesmo mudando tudo de vez em quando, eu continuo buscando teus olhos que deixei... Não me é fácil dizer, sinto-me morrer de saudades, e recolho-me na dor da ausência do teu riso... Uma morte lenta, morna, silenciosa, que me pega pra dizer da minha insignificância, e quer me ensinar a ser humilde... Deve haver alguma humildade em morrer assim, a humildade de doar tudo que se é em nome de outrem, e não esperar flores... As flores devem-se dar no auge de toda vida, quando o amor é doce, quando há abraço e pés que se cruzam na cama, no chão, no silencio de um dia de chuva... Flores devem ser presentes de alegria, devem colorir vasos, devem enfeitar cabelos, devem carregar o significado de um querer bem... Se eu morrer hoje, não quero flores, nem lágrimas, na verdade eu gostaria que ninguém estivesse só, queria que as pessoas aprendessem a compartilhar mais, a amar mais, sem tanto medo de se doar, porque o tempo passa voando por nós e quando nos damos conta, algumas coisas perdem-se no caminho até aqui... Se eu morrer hoje, quero todos de mãos dadas, talvez uma prece em nome do AMOR, que este sim consegue descrever minha trajetória...
Então sigo voando, perdendo minhas asinhas em nome dos olhos do ser amado, voando pra fazer sombra, espalhar pólen, e recriar um mundo em que tudo é transformação. Quero enfeitar a vida das pessoas com alegria, abraços, música, solidariedade, amizade, amor... Devo ter sido concebida sob o signo da ternura dos que amam muito e profundamente... Talvez renasça através do amor de outro ser, talvez alguém ou algo me salve de ser só, e eu sobreviva à lembrança do amor que se foi, e talvez eu possa fazer do meu corpo a casa de outro ser, em nome da transformação do amor de Deus.
No momento traço um vôo solitário, beijo no orvalho da manhã a terra que me recebe, e recebo a graça de ser apenas o que sou...

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