"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Amor...
Muitas vezes eu serei distante, feito a Ursa Maior,
Silenciosa e altiva.

Outras vezes eu vou quebrar uns copos, falar uns palavrões.

Às vezes meu mundo explode dentro de mim
E eu saio pelas portas chorando...

Muitas... Muitas vezes mesmo
Eu vou acordar nas madrugadas e ficar vigiando seu sono
Vou amar seu cheiro sem que você saiba
E guardar pra sempre em mim
O silêncio da tua presença perdida nos sonhos que você desenha tão bem.

Meu amor... Algumas vezes eu vou ser insegura
E nas minhas tolices femininas vou querer que você tenha todas as respostas.

Outras vezes eu vou ficar quieta no meio do dia
Pra ver você de um lado pro outro
Nessa corrida insana da busca das coisas perfeitas...

Em alguns momentos eu serei extremamente burra
Quando você estiver envolto nas músicas que eu não sei
Ou em algum projeto do qual eu não faça a menor idéia do que venha a ser...

Mas eu prometo ser o que sou o tempo todo
E talvez em algum dos meus talentos você me ache realmente inteligente
E sinta orgulho de mim.

Apesar de eu ser tão agitada, às vezes vou querer apenas estar do seu lado, e dormir...
Outras vezes vou por fogo no seu corpo e no meu
Mas seja do modo que for... Sinta-se amado!

Muitas vezes você vai se deparar com meus defeitos
Mas amar você só vai valer a pena
Se você também puder me amar, apesar deles.

EU TE AMO.

Xica Lima

29/02/08

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

As crianças empalidecem nos portões
Abre-se a janela mágica das manhãs
Teu sono se confunde com os jardins
E de gota em gota eu bebo teu suor e tua saliva...

A verdade é uma faca amolada.
Minhas cicatrizes eu trouxe pra enfeitar a cama em que dormimos...

Apenas estreita-me em teu ombro
Param os trens
O burburinho das cidades emudece.

Há um silêncio.

Milhares de vezes as idéias chegam e se vão
E é quase uma oração o que te sinto.

Retirei o véu que cobriu nossa primeira manhã cinza
E de ouro e carinho pendurei o sol na nossa casa colorida

Foi um jeito que encontrei pra dizer que te amo.

Foi um jeito de não precisar escrever...

O mundo hoje está calmo.



Xica Lima
22/02/08
07:25 hs

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008



Meu café tem gosto do tempo antigo
De quando eu alcançava o bule para beber no bico
Um café frio...
Minha mãe brigava.
Hoje eu bebo muito café
Quente
Frio
Forte ou fraco.
Minha mãe bebe comigo e fuma um cigarro do qual eu reclamo.

Eu e minha mãe estamos ligadas por estes gostares.

E traduzimos um pouco do nosso gostarmo-nos na mesa da cozinha.
Meu café terá sempre o gosto do riso e do brilho da minha mãe.

Meu Amor-Vício.

Xica Lima

18/02/2008
Colori as unhas de vermelho
Faixa nos cabelos
Os anéis do sol na minha cabeça de fêmea
Logo chega a noite
Traz calor
Leva mãos dentro da roupa
O filme é antigo
Um cheiro de você invade o ar
Beijo...

Eu te recebo.

Xica Lima
16/02/2008
Vou morder seus olhos
Mastigar seu gozo junto com o jantar
Eu farei silêncio quando você chorar
Beberei teu riso
Eu vou gritar quando você disser não
E quando disser sim eu vou gritar também
Minha ira e minha alegria são irmãs
Eu vou dormir sobre você
Derreter
Arder...

Vou escrever pra você
Serei poética
Vou me vestir pra você
Vou me despir pra você

Vou jogar no lixo todas as suas certezas mais patéticas
E as suas dúvidas, eu vou espalhar sobre o chão da sala.
Juntos incendiaremos tudo
Como Nero louco em Roma
Na noite...

Eu pra você
Você pra mim.

Xica Lima

16/02/2008

sábado, 16 de fevereiro de 2008


Eu levo tempo pra ascender
Caem meus braços sobre o piso frio de casa
No sofá eu bebo preguiça
Silêncio da casa vazia
Dos passos que não vem
Silêncio de Deus escutando meu coração
Do barulho ensurdecedor que eu sou.

Eu levo tanto tempo pra abrir os olhos...
Farejo cheiros
De língua eu beijo a boca da noite
Na tua fálica companhia.

Eu sou verde feito os jardins
Sou a joaninha que enfeita as plantas e que some às vezes,
Só pra gente sentir saudades...

Eu sussurro no ouvido da esperança pequenos pedidos,
Me alimenta a luz dos olhos do ser amado

Anêmica e feliz eu sigo devagar
Caramujo de mim...

Eu levo tudo comigo.

Xica Lima
16/02/2008