Embalo-me nesta rede que são os sonhos

Farta ergo os braços, bocejo...

Tão quente é este colo

Sinto-me fermentar

Só a coisa mais estranha pode sacudir meu corpo

Um susto consciente

A luz da boca comedora de gente

Já na Terra todos estão sonolentos, lentos, lentos...

Ficar é só uma escolha

Posso querer mais...

No embalo da rede, já faminta, mordo essa maçã.

Cala-te!

Xica Lima

29/12/2012

Reinventa essa história

Recebe minhas unhas

Meus cabelos tão curtos

Vem dançar na fogueira em que deitei meus desejos

Nada está para ser eterno

Tudo são passagens...

Xica Lima

12/12/2012

A minha memória é uma casa grande

Flores invadem minha manhã cinza

Um homem caminha ao meu lado, alto e branco

Sim ele tem um nome, mas recuso a pronunciá-lo...

Tenho algumas crianças no meu colo

Risos pequeninos que guardarei pra sempre...

Trago canduras e lonjuras

Histórias de acordar mais cedo

Barulho bom de cachoeira

Amigos que amo e amarei pra sempre...

Uma mulher e um homem que cuidaram de mim desde sempre

Chamei-os “pais”, poderia tê-los chamado “amor”, talvez traduzisse algo... não sei.

Eu tenho unhas vermelhas

Não sei decorar nomes, minha memória está cheia de imagens, não cabem nomes...

Eu coloco no lugar de letras todas as cores, e assim vão sendo acumulados os meus amores...

Enfim, obrigada a todos que me amaram, sinto-me extremamente grata.

Sinto-me feliz.

Xica Lima

10/12/2012

foto: Bianca (aluna de fotografia Pinhole, 11 anos)

Há uma janela...

As abelhas entram fazendo festa!

Já não ouço o som das pessoas que passam

Só o barulho das abelhas enche meu coração de mel.

Minha alma apenas agradece...

Não existo mais em um mundo de coisas

Sou o eco da colmeia que os anjos construíram.

Obrigada Deus!

Xica lima

01/12/2012

Minha história é de correr com as cabras numa casa grande...

No batente da casa há uma mulher cozendo uma toalha...

Eu ouço um grito:

“CONFEITO”

Véi Lixandre vem batendo uma madeira que faz muito barulho, não sei o nome disso...

Ele é gordo e grande como o papai Noel , acho que ele é uma das

Minhas maiores alegrias infantis porque tenho uma

Memória carinhosa dele...

Eu vejo a casa, em volta tem árvores que ainda não estão secas

Mas o chão levanta muita poeira

A cabra salta, acho que eu corro atrás dela...

Isso é um gosto de quando eu tinha dois anos em Serra Talhada

Essa é a casa do meu avô, muitos anos depois eu soube disso,

Não era um sonho, tudo existiu,

Embora tenha esse gosto de nuvem dentro de mim

Eu aprendi a ser feliz bem pequena...

Lá na terra do lampião...

Xica Lima

27/11/2012

Renoir

Eu quero o gosto da poesia perdido na tua boca...

Xica Lima

12/11/2012

Gosto da tua boca maldita

Tua palavra em letras tão garrafais

O palavrão mais bendito.

Xica Lima

08/11/2012

Quando eu brinco melhor é quando falo das coisas que eu acho que sei.

Falar demais é um defeito pequenino, meus grandes defeitos eu guardo a sete chaves.

A ferida do riso me sangra alegre na cara de nordestina.

Sou toda feita de pés que correm sempre pra não se sabe onde.

Rapadura sim é coisa que gosto, tem a dureza dos mandacarus que nascem no sertão

E o adocicado das flores que enfeitam de chuva a terra quente... Vez ou outra.

Não sei falar inglês, nem francês, mas entendo a língua arrastada do meu pai

E da parentada que trago toda na minha memória afetiva...

Viver é bom sim,

oxente mas se não fosse eu dava um jeito.

Brincar é coisa de gente pequena, eu nunca quis ser grande mesmo, embora tenha nascido com 70 anos...

O Amor é meu melhor tesouro

No mais tudo são cirandas...

Xica Lima

01/11/2012

Nem sempre somos o que aparentamos,

embora haja sempre um pouco de verdade

na nossa invenção.

Xica Lima

24/10/2012

Eu bebi a lua em pequenos goles.

Teu cheiro, teu beijo...

E lá se vão todas as manhãs...

Xica Lima

23/10/2012

Eu sou barulhenta, minhas mãos são graves, quando ando nas ruas meu corpo grita... É dentro de mim que o silêncio habita, e é aqui que meus anjos e demônios se confraternizam.

Xica Lima

23/10/2012

Na tua casa...

lá está o homem como sempre esteve.

As mãos escondidas em bolsos que nada guardam

os olhos úmidos de não mais ver-te...

As paredes tão brancas lembram o tempo em que tudo queríamos colorir...

A tua presença, teu desfile paira diante da minha cara assustada.

Eu sou uma breve descrição do que em mim é muito maior.

Palavras foram feitas pra esconder o que se deve saber.

Saudade nada diz se eu não tiver em mente o vazio que a tua partida deixou.

Nas calçadas sempre guardo o espaço que era teu

e caminhas ao meu lado

Alto, branco...

O homem anjo e demônio

que me acalma e sacode.

Sinval Garcia.

Xica Lima

14/08/2012

Gosto da incendiaria sensação que o teu abraço me causa

de como as estrelas engolem o vulcão

e de sentar na estrada e apenas ouvir...

No teu silêncio eu fui beber a lua.

Xica Lima

01/08/2012

Tudo que eu vejo já esta em mim antes de assaltar meus olhos.

E eu amo muito!

Xica Lima

05/07/2012

No barulho da casa minha inspiração lança suas asas...

No caldeirão em que fervem pamonhas toda minha infância borbulha.

Eu sou nordestina, branca, negra, forte, sensível.

Uma entre tantas

E todas em uma.

Xica Lima

30/06/2012

O shopping Center é a vitrine humana dos pequenos sonhos burgueses...
Eu peço um café e observo:
Pessoas que olham as horas, contando o tempo de ser feliz,
a felicidade que os manequins estáticos emprestam...
De mãos dadas casais escolhem coisas que enfeitem este dia chuvoso.
Meu café lentamente vai ficando morno
como as relações entre a vitrine e o sonho.
Um homem de bengala carrega seu boné azul, tênis azuis, blusa azul...
Eu me visto de vermelho e teimo nas unhas rosas.
O shopping em seus pequenos acontecimentos.
No meu ouvido esquerdo, música,
minha destra brinca com a caneta.
Observar o humano,
tentar ler no que se transformam...
Meu café que finda
fim da tarde
fim da linha.

Xica lima
11/06/2012

Mês de junho, o frio espalha-se em minha casa
meu gato dorme um sono bom
meu filho brinca, faz um barulho bom de pessoa viva...
Lá fora uma garoa fina abençoa o dia de hoje.
Todos estão refletindo, nas calçadas
nas mesquitas, nas igrejas...
O frio do mundo é meu calor
nada me paralisa
o Amor é minha melhor coberta.

Xica Lima
07/06/2012

Melhor beber na chuva teu gosto
um cheiro de mato
farejar o segredo do universo guardado no teu corpo
deixar que as coisas sejam
apenas como tem que ser... e nada mais.

Xica Lima
05/06/2012

Eu vou editar meu caminho

Fazer um rascunho de tudo que é sonho

Quero caneta tinteiro

Amor verdadeiro

O mundo inteiro

Descobrir!

Eu vou colorir estas páginas

Adoçar as bebidas

As pessoas queridas

Beijar!

E sempre, sempre, desencontrando me encontrar

E renovar, olhar, gostar, cavar com unhas vermelhas

A Xica de cada dia,

Mais viva

Querida!

Xica Lima

19/05/2012

Falta-me um pouco da poesia das formigas

Rever na soleira das casas passos antigos...

Cheirar o mundo

Nunca esquecer

Ir de encontro

Não me perder

Beber orvalho

Brincar de ser pequena quando todos querem ser tão grandes...

Eu quero ser pequenina

Formiga

Menina

Querida

Bem vinda...

Xica Lima

09/05/2012

As mesmas histórias rasgadas
nada sei daquilo que insiste em ser o mesmo...
Fere a lua o chão desavisado
correm os gatos
lobos se atracam fazendo aqui lo que todos querem e poucos dizem...
Na soleira da porta sete ervas, 
comigo ninguém pode, pode?
Minha cabeça gira, meu filho chama, meu pai reclama...
Nada sei daquele pouco que me espanta!
Eu quero uma pequena febre
leve...


Xica Lima
06/05/2012

Os amores que passam...
Passeiam na rua em preto e branco
onde andam teus olhos...
Ao meu lado uma mulher cuida dos pés
cansada, branca, uma ninfa.
Eu viajo até um castelo no sertão
onde não há o tempo
onde não há a ninfa, nem teus olhos...
Como me safar do que não está fora
mas em mim?...

Xica Lima
09/04/2012

"Será olhar pra si mesmo perder-se?

Como Narciso na fonte..."

Xica Lima

28/03/2012

A casa do meu espírito busca tua mão...

Vem...

Tira-me pra dançar.

Xica Lima

23/03/2012

Quando a tarde caiu
todos estavam lá... Inclusive você.
Pássaros voavam em busca do alimento sagrado
perdida no meu devaneio de viver
eu buscava teu rosto...
O abraço do fim de todas as jornadas
o ar que virava outra história só de ver você passar.
Há um amor que não conhece os finais
não se entristece
não se cansa de existir...
Meu amigo querido
irmão confidente, que tão pouco me confidenciou
mas que se deixou adivinhar na intimidade dos chás
das conversas noturnas...
É pra você este carinho.

Sinval Garcia.


Xica Lima
19/03/2012

Mãos dadas com a mãe, andar...
A chuva lavou as ruas, desceu escadas, invadiu galerias
deixou no ar um cheiro de coisa nova, limpa.
O café que aquece o corpo, embebeda minha'alma
sigo lenta no meio do dia
olho, cheiro, me afasto pra melhor ver
volto, com a língua testo a vontade
tudo está vivo!

Bom dia!

Xica Lima
16/03/2012

Preparo-me para o salto

Logo não há nada sob meus pés

O vôo leve atravessa a manhã

E beijo a face iluminada de Deus.

Em prece estendo minhas mãos de anciã

Agradeço

Esqueço de ser só...

Novamente retomo minhas partes

Seco os olhos úmidos do orvalho recém colhido

Volto pra casa...

Encontro a sala vazia

E no eco o som da minha risada nervosa

É no nada que encontro ferramentas pra ser quem eu sou

No nada há espaço para se criar algo

Invento uma nova pessoa

Outra história

Novos vôos...

Estou em casa.

Xica Lima

02/03/2012

É com leveza e em silêncio que me retiro...

Xica Lima

01/03/2012

Hoje me movo feito um caramujo

lenta como uma pequenina brisa

sinto o resfolegar do mundo dentro do meu corpo

tudo são saudades...

Xica Lima

01/03/2012

Hoje me vesti de flores...

Joaninha nos pés

Uma liberdade boa me abraça

E bato minhas asas...

De lagarta a borboleta, qual a máscara mais bonita?

Nem é tão lindo ser borboleta, nem é tão triste ser lagarta.

O melhor é transitar por estas fases em equilíbrio.

Uma metáfora para reflexão, como tenho vivido...

A lagarta um dia quer ficar só, cria seu casulo, fica lá dentro encolhidinha

Quieta, pensa, pensa...

Quando volta de lá vem batendo asas

No reflexo da sua história...

Assim eu sou

Vez ou outra entro no casulo, depois volto toda cheia de Xica.

A Xica hoje vai brincar de ciranda...

Voltando de um casulo...

Xica Lima

26/02/2012

Hoje fez calor, em muitos pés judiados eu toquei.

Conversas de comadre

Lembranças do filho morto,

Uma mulher de cabelo azul sorri um sorriso de gato

Fecha os olhos

Bonachona...

E a adoção da pequenina fada que tem olhos de jabuticaba

O encanto do amor que se aprende amando...

Em casa um menino me pede colo, tetê, diz que é meu amor

E tem nome de rei...

Um Arthur que se espalha como um gigante

Me embala, canta pra que eu durma

Exaurida de tanto amor...

Hoje fez calor,

Tantas coisas eu fiz

Agora silêncio, que todos devem se recolher.

Cala-se a senhora órfã de filho

Calam-se a pequenina fada e meu grande Arthur...

Enfim... silêncio.

Agora sou só eu.

Xica Lima

25/02/2012

Lavo teus olhos de mar
beijo tuas mãos
já o tempo quer parar pra nos velar a noite

o mar... que sempre volta e beija a areia macia

Iemanjá vem cantando abençoar nossa casa
nada há que nos separe...
Porque o tempo é só uma invenção

Agora volta.
Você e o mar...

Xica Lima
23/02/2012

Eu sou essa...

santa e bruxa.

Aquela que no amanhecer te recebe

No meio do dia seca o suor da tua face

Ao fim da tarde te abraça, banha teus pés cansados,

Beija-te a face e a boca.

Sou a que nas tempestades colhe um raio pra acender nosso lar

Fere de brisa e calor as madrugadas

E dança em teu nome

Amor.

Sou a que te recebe...

Vem.

Xica lima

16/02/2012

Quando você voltar

O chá estará posto à mesa

Haverá silêncio, calor, e conversas confidenciadas ao ouvido.

Céu e Terra dançarão a mesma música

Seremos unos.

Quando você voltar ...

Xica lima

16/02/2012

A história toma outro rumo

Não há controle então me afasto...

Se eu sentir o teu perfume no meu vestido novamente

Nunca mais te deixo partir

Então me afasto...

Quero beijar teus olhos quando todos estiverem dormindo

Ouvir o silêncio e o grito do teu coração

Mas nesse momento as estradas se dividem

E temos que escolher

Então me afasto...

Deixo contigo somente o melhor de mim

E levo comigo teu riso, um jeito de olhar

Cheiros... Amor.

Então me afasto...

Xica Lima 

16/02/2012

Eu sou um cântaro que transborda amor
bebe...

Xica lima

14/02/2012

Minh'alma se estendeu
quando abraçou a imensidão da tua.
Teu canto
tuas mãos de maestro...
A beleza sertaneja impregnada no teu sangue
e o meu que corre e sonha com você...

Xica Lima
06/02/2011
Pra João Omar que encantou meus ouvidos e minha alma.

Achados em dezembro...

Achados em dezembro...

Entre eu e o mundo há a fatalidade do tempo.

Reparo as revistas que eu já li

Sinto o cheiro da história que se mistura com o pó das coisas...

Paro, faço algum movimento com as mãos,

Tentando tatear os segundos em que nada encontro.

É no nada que crio... e me transporto.

Minha boca agora silenciosa...

O silencio irmão da calmaria, antecede as grandes tempestades...

O silencio... E eu.

Xica Lima

08.01.2012

Outro dia sonhei com você

Estávamos na cozinha... Entre guardanapos eu vi seu sorriso...

Sinto falta da tua grandeza em me fazer pequenos carinhos

Me dói o corpo de não ter seu abraço

Falta-me o café que tantas vezes dividimos

Eu amo cada instante que estive com você meu amigo tão querido

Queria ter decorado os textos que você insistia pra que eu lesse.

Sinto falta de tocar a campainha do seu apartamento

E mesmo tendo avisado que vinha, ficar esperando você abrir tão vagarosamente.

Suas mãos sempre foram tão graves, soltas no ar

como um maestro ensinando o seu melhor...

que o amor que eu te sinto seja capaz de fazer com que você entenda tudo que aconteceu

e que você esteja feliz, é tudo que eu quero.

Que você esteja feliz.

Perdoe-me as lágrimas.

Que os anjos estejam contigo.

Xica Lima

16/12/2011