"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

sábado, 12 de dezembro de 2009

Arthur

Quando você dorme
Silenciam-se as guerras
E uma paz pequenina pousa suas grandes asas
no universo em descanso.
Xica Lima
EU TE AMO!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

acesse http://grupoumcertoolhar.blogspot.com/ Aberta ao público, fotógrafos e não fotógrafos, interessados em geral - Inscrevam-se! Mais informações e inscrições via e-mail: umcertoolhar@gmail.com Ajudem-nos a divulgar.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

by: Xica Lima

PROCURA DA POESIA

Não faças versos sobre acontecimentos.Não há criação nem morte perante a poesia.Diante dela, a vida é um sol estático,não aquece nem ilumina.As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.

Não faças poesia com o corpo,esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escurosão indiferentes.Nem me reveles teus sentimentos,que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a naturezanem os homens em sociedade.Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.A poesia (não tires poesia das coisas)elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,não indagues. Não percas tempo em mentir.Não te aborreças.Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de famíliadesaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhastua sepultada e merencória infância.Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.Que se dissipou, não era poesia.Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.Lá estão os poemas que esperam ser escritos.Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície intata.Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.Espera que cada um se realize e consumecom seu poder de palavrae seu poder de silêncio.Não forces o poema a desprender-se do limbo.Não colhas no chão o poema que se perdeu.Não adules o poema. Aceita-ocomo ele aceitará sua forma definitiva e concentradano espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.Cada umatem mil faces secretas sob a face neutrae te pergunta, sem interesse pela resposta,pobre ou terrível, que lhe deres:Trouxeste a chave?
Repara:ermas de melodia e conceitoelas se refugiaram na noite, as palavras.Ainda úmidas e impregnadas de sono,rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."
(Perto do Coração Selvagem) Clarice Lispector