"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

terça-feira, 10 de julho de 2007

Morrer um dia de cada vez...
Não notar seus passos
Nem fechar as portas

Não soluçar minha dor feminina
Não doer meus cabelos tão curtos
Minha pouca fé não deixar que se perca de mim

Não rastejar
Morrer um dia de cada vez

Não esperar perdão
Nem pedir que me perdoem

Não amar sempre a mesma pessoa
Não querer ser amada...

Morrer um dia de cada vez

Ferir de véu e negro meus olhos pra nada ver
Perder a memória do tempo em alguma gaveta
E deixar que o bolor tome conta das minhas unhas de velha...

Morrer...
Todos os dias...
Um atrás do outro
E descansar de ser eu mesma...

Não errar, não ter que sempre acertar
Não magoar de sal o gosto da noite
Não chorar...

Só morrer...
Um dia de cada vez...


10/07/07

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