Essa é uma história de um tempo em que o
“onde” ainda não era lugar...
É sobre
uma mulher, poetisa, cozinheira, artista, bordadeira, fazedora de sonhos...
Um dia
em que o sol ardia num alaranjado imenso, ela acordou com a estranha sensação
de ter esquecido algo, e começou a procurar dentro de casa... ela não sabia o
que era...
De repente!
Mexendo numa gaveta onde estavam os guardados mais antigos, encontrou uma
agulha. Esta agulha tinha sido da sua avó, que tinha ganhado da sua bisavó.
Veio
nela uma ideia:
“Vamos
ver o que esta agulha me conta”
A sensação
foi diminuindo enquanto ela se iluminava de azul.
Pegou
algumas linhas e lãs, sentou-se de frente às begônias e iniciou seu balé.
Agulha
e linhas quando se encontraram, como velhos amigos se abraçaram, e foi surgindo
algo que ainda não tinha nome...
O tempo
que passava por ali parou pra ver as cores que se emaranhavam... Ficou ali
sentindo o perfume das flores e testemunhando o encantamento da mulher.
Era já
o fim do dia quando ela percebeu o que tinha sobre os joelhos: um enorme tapete
onde as texturas saltavam. As cores tinham virado coisas, e até o tempo tinha
deixado um recado: devido à interferência do tempo, alguns lugares no tapete
estavam gastos, na iminência da presença do que se foi...
E a
mulher sem a sensação do esquecimento, pode dormir um sono solto...
Exausta
de cor e tempo.
Xica
Lima
17/04/2014