"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

terça-feira, 29 de maio de 2007

8º dia

Todos os dias, em algum lugar, nós nascemos e morremos.
Silenciosamente o mundo tece sua teia, a vida arde, os espíritos se encontram ou se desencontram buscando o crescimento, mais um degrau, outra etapa cumprida, ou não...
Todos os dias novas questões nascem em nós, como crianças e seus “porquês”.
Nosso interesse ou curiosidade faz de nós pessoas integradas num mundo em que nem todos têm as mesmas prioridades, exatamente porque muitos nem sabem o que exigir, por inocência muitas vezes alguns de nós deixam a vida sem ter dela o melhor que podiam.
Todos os dias o verme do saber deve corroer nossas entranhas em busca de algo “NOVO”.
Só a constatação e o reconhecimento de que nossos Deveres nos conferem Direitos, pode nos salvar de sermos massificados e excluídos. E que isso não nos faça excluir quem não reconhece esses direitos, mas nos ajude a defender e guiar estes.
Todos os dias nos deparamos com injustiça, violência, e a banalidade das agressões gratuitas. Cabe a nós não desacreditar em possíveis mudanças, e a reação de pensar mais, é uma grande arma. Uma arma que governo nenhum pode nos tirar.
Todos os dias, também encontramos caridade, amor, amizade, e a salvação que pedimos, como se esta estivesse sempre a um passo de nós.
E este lugar onde nascemos e morremos, pode ser dentro de nós, ou na China dentro de algum chinês, ou em Angola, afinal somos todos feitos do mesmo frágil material. Quando morremos, levamos conosco o sopro divino que nos manteve aqui, e o que deixamos é tudo pelo que lutamos. Cabe a cada um decidir o que quer deixar atrás de si. Eu quero um mundo melhor para meus netos e todos os que os seguirem, e para os netos dos angolanos e chineses e todo o resto do mundo, porque nada somos além de irmãos.
Todos os dias quando acordo eu me questiono sobre o que estou fazendo aqui, e acho que tenho feito muito pouco. Talvez algum dia alguém leia estas linhas que agora escrevo, e sinta-se comprometido, e me ajude a ajudar, e passe essa mensagem a outro que passe a outro, e quando menos se esperar muitos a tenham lido, então não terei vivido em vão, e ao escrever neste papel terei feito um pouco do muito que tenho sonhado, e a minha utopia não se perderá com meu corpo que ficará misturado ao pó da Terra, como num pacto de amor eterno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário