"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Minha obra é algo que era para ser e não foi,
E por não dar certo se transformou em outra coisa,
E transformando-se me fez ver outras possibilidades
E ao invés de ser criação, foi criadora de mim...

Quando eu transformei com minhas mãos, algo morno, em algo cálido,
Leve, cheio de um amor que flui dentro de mim,
Este algo transformou o meu amor em doação,
E meu amor doação vive agora nos olhos, e no coração de outras pessoas...

Aprendendo a lidar comigo mesma
Eu aprendi a lidar com os outros seres,
E estes me receberam tão bem
E gostaram de ser amados, e me amaram em troca.

E tudo que pedi, foi muito menor do que o que recebi.
E tudo que recebi, devolvi.
E assim a obra que era só minha agora é de todos
E todos somos, uma única ferramenta,
Aquela que dá à obra, a luz e o brilho do intelecto humano.
Que humaniza tudo que toca;
Que amplia horizontes,
E divide experiências,
E ensina que a transformação às vezes é dolorosa
Mas é também criadora de uma outra realidade
Que pode ser boa, mesmo não sendo aquela que idealizamos...

Minha obra é o sinal das minhas mutações
Do meu amor incondicional
E da minha falta de medo de viver tudo que posso profundamente...

A alegria ou a dor... Tudo faz parte do meu eu,
E por isso, parte do meu crescimento.

Se eu conseguir descobrir em mim alguém melhor e mais sábia
Talvez consiga conversar sem receio com as crianças e as fadas.
E Deus com seus braços muito largos me abrace nas horas sofridas
E com sua voz doce me faça dormir, e acordar inteira das batalhas...

E minha obra será a luz que ilumina um rosto
Ou a música suave do vento...

E talvez eu tenha cumprido, o que não sabia que podia.


28/03/07

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