"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito."
Manoel de Barros

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

1 capítulo da ida a Belém. Diário de bordo de Xica e Celina.



Chegamos em Belém as 23:00hr, a pessoa que viria nos receber não apareceu. Não tínhamos endereço nem telefone de alguém a quem pudéssemos recorrer, pensei: "Ferrou!”.
Fomos até um taxista, destes que ficam no aeroporto mesmo, e falei:
- O senhor pode nos indicar uma pousada que seja de confiança, para passarmos a noite, porque não conhecemos nada em Belém e acho que só amanhã cedo vamos encontrar a pessoa que viria nos receber.
Ele disse:
- Olha hoje é véspera de Círio, os hotéis e pousadas estão todos lotados, mas talvez eu consiga algo, vamos ver.
Pensei comigo: "Graças a Deus!"
Chegamos em frente a uma casa com grades na porta, imaginei que devia ser a casa do taxista e que ele iria pegar algo. Ele gritou para alguém lá dentro: "TEM VAGA?”.
Tinha.
O rapaz que nos atendeu, estava dormindo, e continuou. Quando falava coçava a cabeça, bocejava. Conseguiu um quarto pra nós e disse que tínhamos muita sorte. Até agora não entendi a noção de sorte dele.
Solícito e com sono ainda, nos levou a um quarto no andar de cima, olhamos, olhamos de novo... Minha amiga fez perguntas básicas. Eu olhei de novo. Senti um cheiro estranho que torci para que não fosse no quarto. Quem sabe era no corredor! Não era.
Descobrimos que o quarto não tinha janela, ou melhor, tinha uma que se abria para o corredor da pousada. “My God!".
O que mais podíamos querer? Afinal era sorte!
O quarto tinha duas camas, uma TV que estava muda, e que para emitir algum som tinha que ser desligada e ligada novamente. Coitada, devia estar cansada como eu, que também estava muda.
Decidimos procurar ajuda e pedimos para a santa internet funcionar. Mandei um e-mail para uma mulher que eu conhecia apenas de uma rede social, não nos conhecíamos pessoalmente, e ela era nossa única chance de ficarmos mais tranqüilas, seu nome era bem sugestivo: Socorro.
Escrevi pedindo ajuda e nos preparamos pra dormir.
Surpresa! Ao entrar no banheiro descobri o foco do aroma que invadia o quarto. Parecia muito abstrato, e seria uma instalação não fosse o local onde se encontrava. Pensei comigo: “Vou por uma placa e abrir pra visitação”. Molhei a escova de dente e falei pra Celina:
- O ambiente está interditado pela defesa civil.
Peguei um perfume da bolsa e esguichei no ar.
Dormimos com a porta do banheiro bem fechada.
Não. Nós não tomamos banho, era impossível.
Acordei com a Celina gritando:
- Xica! Socorro!
Pensei: “Fudeu, fomos assaltadas”.
Não fomos. Era a Socorro no telefone dizendo que podíamos ficar na casa dela.
UFA! Enfim Sorte!
Encontramos Socorro, carinho e calor, muito calor em Belém!
Casa da Socorro, a surpresa e o encantamento que valeu toda a viagem.

Xica Lima
13/10/2011

2 comentários:

  1. Foi exatamente assim que aconteceu mas, tivemos SOCORRO (literalmente)alguém que fará parte das nossas vidas de agora em diante como uma pessoa muito especial e que tivemos a sorte de conhecê-la pois não encontramos muitas SOCORROS por aí nos dias de hoje então a Xica e eu somos privilegiadas.

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  2. Ouvi essa história pessoalmente.
    Fui um prazer conhecer vocês e poder rir junto depois que todo o pânico passou.
    Abraços!

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