Era uma vez um homem que sonhava as imagens.
Colocava em seus dias o sol que queria.
Vez em quando uma chuva bonita invadia o jardim, e toda flor
era sinal do sagrado na Terra.
Esse homem usava um chapéu de tecido pra proteger os olhos
nas caminhadas longas que fazia.
Tinha na bolsa um segredo de capturar as belezas do mundo
todinho. Esse segredo era sua câmera. Era retrato da mulher que vendia o
acarajé, era foto da paisagem da janela de sua casa, era a alegria das crianças
com bolhas de sabão, e até a namorada que tinha olhos pequenos e um sorriso de
fada.
A cor que ele mais gostava era o branco, e no pescoço
colares de contas coloridas enfeitavam seu corpo.
Quando caminhava o homem tinha um gingado que era quase uma
dança.
Um dia esse homem resolveu fazer uma viagem muito longa. E
assim foi se despedindo de todas as pessoas que amava.
Na viagem ele levou as imagens, e um pouco de tudo que era
história.
Caminhar era um jeito de se tornar a própria estrada...
Assim, ao viajar pra bem longe, o homem virou um pouco de tudo que era mais
bonito.
Suas imagens ficaram pra lembrar dos seus olhos. Por onde
andaram.
O homem e as imagens.
Para meu amigo Walmir Gama. Que virou luz.
26/11/2025 – Xicâ G Lima
